QUAL O PAPEL DO LEITE NA PANIFICAÇÃO?

Leite

Leite é o líquido branco produzido pelas glândulas mamárias das fêmeas dos mamíferos, com o qual alimentam suas crias nas primeiras fases do desenvolvimento. 

Leite e sua variedade
Leite e sua variedade

CONCEPTUALIZAÇÃO

No primeiro Congresso Internacional para a Repressão de Fraudes realizado em Genebra, em 1908, definiu-se o leite como o produto integral, não alterado nem adulterado e sem colostro, procedente da ordenha higiênica, regular, completa e ininterrupta das fêmeas domésticas saudáveis e bem alimentadas. 

Do ponto de vista físico-químico, o leite é uma mistura homogênea de grande número de substâncias (lactose, glicerídeos, proteínas, sais, vitaminas, enzimas e etc). das quais algumas estão em emulsão (a gordura e as substâncias associadas), algumas em suspensão (as caseínas ligadas a sais minerais) e outras e dissolução verdadeira (lactose, vitaminas hidrossolúveis, proteínas do soro, sais, etc). 

Do ponto de vista biológico, o leite é o produto da secreção das glândulas mamárias de fêmeas mamíferas, cuja função natural é a alimentação dos recém-nascidos. Caracteriza-se por ser um líquido branco, opaco, possuindo o dobro de viscosidade da água, um sabor adocicado e odor pouco acentuado. Sua composição varia com a espécie, raça, individualidade, alimentação, tempo gestação entre outros fatores

AS PROPRIEDADES DO LEITE: 

 A proteína do leite conhecida como caseína, é de alta qualidade, sendo muito útil ao organismo na reparação de tecidos musculares. Seu açúcar, conhecido como lactose, não é tão doce quanto o açúcar proveniente da cana, não fermentando tão rápido, sendo assim, não provoca alterações digestivas. Em comparação com outras gorduras, a do leite é uma rica fonte energética servindo de meio de transporte para vitaminas lipossolúveis. Os minerais presentes no leite, em especial, o cálcio e o fósforo são essenciais para a estrutura dos ossos e dos dentes. Já as vitaminas contidas no leite são: vitamina A, tiamina e cobalamina, sendo pobre em vitamina C e vitamina D.

CONSUMO "IN NATURA" 

Diversos animais são explorados na pecuária leiteira, mas a espécie de maior destaque são os bovinos, sendo que as principais utilizações do leite são: consumo "in natura"; matéria prima industrial, estando na base de vários produtos lácteos. Estes são: queijo, manteiga, requeijão, iogurte, creme de leite, leite em pó, entre outros.

ORIGEM DO LEITE:

O CONSUMO DO LEITE

No Brasil, a origem do leite para consumo está relacionada à exploração do gado durante o período colonial. Mas até meados do século 19 o consumo de leite teve caráter secundário, com poucas vacas mantidas para esse fim, e a pequena disponibilidade do produto impediu que sua ingestão se tornasse um hábito. No entanto, nos anos 1930 difundiu-se no Brasil uma nova ciência, a nutrição, que introduziu também a convicção de que o leite de vaca constituía o mais importante dos alimentos básicos. A partir daí, impulsionado por profissionais da saúde, o governo de Getúlio Vargas promoveu um esforço para melhorar o até então precaríssimo sistema de abastecimento do produto no Rio de Janeiro, na época capital da República. 

Até o início do século 20 o leite era consumido no Brasil sem nenhum tipo de tratamento, o que poderia causar uma série de doenças à população. O transporte do leite, que antes da Abolição era feito por escravos, em latão, passou a ser feito por vaqueiros que o produziam nas periferias das cidades, em geral em condições insatisfatórias de higiene e qualidade. Essa situação confrontava as teses da recém-surgida ciência da nutrição, para a qual o leite era um alimento fundamental para a saúde e o bem-estar das pessoas. Em 1918, o bioquímico americano e pioneiro da vitaminologia Elmer Verner McCollum havia declarado o leite de vaca o mais importante dos "alimentos protetores", que não devia faltar na nutrição cotidiana de crianças e adultos. Segundo McCollum, citado por Brinkmann, devido ao seu extraordinário conteúdo de sais minerais, vitaminas e proteínas de alto valor, não existia alimento melhor do que o leite para corrigir as deficiências nutritivas da alimentação habitual. Em época de Primeira Guerra Mundial, com deficiências e privações decorrentes do conflito, o leite de vaca representava a máxima garantia de saúde, de acordo com o cientista. 

Em 1935, o consumo havia alcançado não mais do que 130ml diários entre a população carioca, o que ficava muito aquém dos níveis dos chamados países desenvolvidos e das recomendações da ciência da nutrição. A Comissão Técnica de Nutrição da Organização de Higiene da Sociedade das Nações, que durante a década de 1930 encabeçava a padronização internacional do que deveria ser uma alimentação "racional" e saudável, exigia o consumo mínimo diário de 500ml por adultos e de 1000ml por criança até 14 anos.

O leite consumido na capital federal provinha de duas fontes, segundo Brinkmann: cerca de 15% da oferta era do produto cru, produzido nos estábulos da cidade sob precárias condições higiênicas, o que há anos vinha provocando violentos protestos por parte de médicos e pediatras, que consideravam o "leite do vaqueiro" um perigo para a saúde pública e pediam pelo imediato fechamento desses estabelecimentos. O restante da oferta comercial compunha-se de leite pasteurizado vindo por vias férreas de distintas zonas pecuárias no interior dos estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, a maior parte de qualidade deficiente. O alimento era transportado em precárias condições, pois as companhias ferroviárias não dispunham de vagões frigoríficos para o adequado armazenamento. Além da baixa qualidade, o leite era um produto cara para a maior parte dos cariocas.


MERCADO DE LEITE DE CONSUMO

Nos últimos cinco anos da década de 90 (1996/2000) a produção brasileira de leite cresceu em média 4,05% ao ano. A informalidade aumentou no período pois o leite sem inspeção oficial cresceu mais: 6,53%. No mesmo período, a participação do volume de leite importado na oferta total variou de 14,8%, em 1995, até 8,4%, em 2000, a menor participação dos últimos cinco anos. Do leite ofertado formalmente, incluindo as importações, em 2000, 50% foram destinados a leite de consumo, sendo 12% leite pasteurizado, 26% leite longa vida e 12% leite em pó de consumo. Lamentavelmente, as vendas de leite sem tratamento térmico continuaram elevadas mantendo-se em quase 2 bilhões de litros, nesse mesmo ano. Pela sua qualidade, conveniência, praticidade, diversidade, disponibilidade no mercado e preço competitivo, o leite longa vida deu uma significativa contribuição na ampliação do mercado de leite de consumo do Brasil. Dessa forma, conseguiu alcançar em 2000, uma participação de 52% neste mercado de 6,9 bilhões de litros.

VARIEDADES DE TIPOS DE LEITE

1. Leite integral: 

É o nome dado para o leite de vaca que não passa por nenhum processo de remoção de gordura, sendo consumido, portanto, com a grande parte de suas características nutricionais originais. 

Esse é o tipo de leite mais consumido do mundo e, portanto, também um dos mais conhecidos. Geralmente, são comercializados após um processo de pasteurização, que ajuda a garantir maior tempo de validade do produto e segurança ao consumir esse alimento.

Os leites integrais são alimentos com alto teor de gordura, que são naturais desse tipo de alimento, e que influenciam positivamente em outras características nutricionais do produto, como sua concentração de vitaminas lipossolúveis - A, K e as do complexo B. Esse tipo de leite também conta com alta concentração de proteínas e cálcio e, por esse motivo, é considerado um alimento importante para a nossa saúde. Seu sabor é bastante característico e intenso e, por isso, muitos apaixonados por leite não abrem mão de seu consumo.


2. Leite Semi-desnatado: 

É o leite de vaca que passa por um processo de remoção de pelo menos 50% do volume de gordura total encontrada nesse alimento. Essa diminuição na concentração de gordura não afeta o volume de proteínas e de cálcio encontrados em um copo de leite e, por isso, essa é uma versão desse alimento muito valorizada por quem quer controlar a ingestão de calorias. Apesar do menor valor calórico, esse tipo de leite pode contar com menor concentração de vitaminas lipossolúveis quando comparado com sua versão integral, que devem ser repostas com a ajuda de outros alimentos que fazem parte da sua  alimentação diária. 

3. Leite Desnatado: 

É o leite de vaca que passa por um processo de remoção total das gorduras encontradas nesse alimento, sendo considerado, portanto, a versão menos calórica dos três tipos de leite apresentados até aqui. 

O baixo valor calórico, com manutenção do volume de cálcio e proteínas do alimento, é uma das vantagens desse tipo de leite. Entretanto, para pessoas adaptadas ao consumo do leite integral, o sabor e aroma do desnatado podem deixar a desejar, visto que a gordura tem participação importante nessas características do alimento. 

4. Leite de cabra: 

É um tipo de leite que, apesar de não ser tão popular no Brasil como o de vaca, tem seu valor nutricional relevante. Esse é um leite com maior volume de gorduras em sua composição, característica que pode elevar seu valor calórico, mas também beneficiar seu valor nutricional por conta da maior presença de algumas vitaminas e minerais.

Esse tipo de leite é muito utilizado por pessoas com intolerância ao leite de vaca, visto que pode ser mais fácil de digerir. Ele também é um alimento rico em proteínas, cálcio e outros nutrientes.

Seu sabor e aroma são bastante característicos e considerados mais marcantes do que o leite de vaca.

5. Leite Vegetal: 

Eles são bebidas desenvolvidas a partir de alguns cereais, leguminosas e oleaginosas, que oferecem bons volumes de proteínas, vitaminas e minerais para quem não pode ou não deseja consumir o produto de origem animal. O mercado de vegetarianismo e veganismo vêm crescendo gradativamente e, naturalmente, alternativas ao consumo do leite animal são cada vez mais comuns de se encontrar. Algumas das alternativas mais conhecidas de leite vegetal são: Leite de soja; Leite de amêndoas; Leite de arroz; Leite de quinoa; Leite de aveia; Leite de nozes.

6. Leite Condensado, Concentrado ou Evaporado. 

Deste leite, a água foi parcialmente extraída e ele tem aspecto mais espesso que o leite fluido normal. Pode ter açúcar, adicionado ou não.

7. Leite enriquecido com Vitaminas:

Ele  pode conter as vitaminas A, D, B6, B12, C, E, além de elementos como o ácido fólico e a nicotinamida.

8. Soro do leite: 

Ele é usado na indústria de panificação por causa de seus benefícios funcionais. Um dos benefícios inclui o desenvolvimento de uma atraente cor marrom - dourada da casca, agradável sabor lácteo, miolo macio e vida de prateleira mais longa, outro benefício valorizado é a capacidade que os ingredientes do soro têm de reduzir o custo total através da substituição parcial ou total dos derivados de ovo, leite em pó e outros. 

O Soro de Leite aumenta o valor nutricional dos produtos em função do alto teor de minerais e proteínas.


9. Leite em Pó ou Liofilizado:

Leite do qual se extrai 95% de água mediante processos de atomização e evaporação. Apresenta-se num pó de cor creme. Para seu consumo, só é preciso adicionar água. 

QUAL A IMPORTÂNCIA DO LEITE NA PANIFICAÇÃO?

FUNÇÃO DO LEITE: 

Favorece as propriedades fisicas das massas, acelerando a sua formação, aumentando sua extensibilidade e diminuindo sua porosidade. 

Retarda a ação fermentativa da massa; Melhora a coloração da crosta dos produtos obtidos; Representa um elemento de conservação dos produtos frescos obtidos a partir de massas fermentadas doces. Pode ser usado também sucos de fruta, caldo de cocção de hortaliças e soro de leite. 

COMO OS LÍQUIDOS AJUDAM NA PANIFICAÇÃO:

São utilizados para misturar os ingredientes secos e transportar o sabor por todo o pão, formando as ligações do glúten e reagir com o amido para criar estruturas leves e fortes.  

Os líquidos também agem com o vapor durante o aquecimento, o fermento precisa da água para se desenvolver. A quantidade de líquido é muito importante, o líquido também é um dos responsáveis em favorecer a maciez. 

ENTENDENDO PASSO A PASSO!!!

1. Porque importante os líquidos durante o processo de fabricação de massa de pães.

A função do leite ou da água é muito importante no preparo da massa, pois são eles que regulam sua consistência e temperatura. Além disto, age na formação do glúten, solubiliza os ingredientes da receita e facilita todas as etapas do processamento.

O contato do líquido com o glúten possibilita a formação da massa, se ele a formação do glúten não é completa e o desenvolvimento da massa será irregular. Por outro lado, se houver excesso de líquido o glúten será enfraquecido, retardando a formação da massa. 

2. Qual a funcionalidade do leite na massa do "Pão francês".

Quando líquido ele ajuda na hidratação, no controle de temperatura e na consistência da massa. Já o açúcar do leite que é a lactose, ele é um açúcar que não é utilizado como substrato para fermentação, ou seja, ele não é consumido pelas leveduras, com isso esse açúcar fica disponível no sistema ajudando na caramelização (reação de maillard) e ajuda no aumento de vida de prateleira do produto diminuindo a perda de umidade para o ambiente.

3. Posso usar todos tipos de leite na massa de panificação. 

É possivel sim usar o leite em todas as suas formas: e pó ou líquido (integral, semidesnatado ou desnatado), falando no leite em pó, ele é muito usado em escala comercial na linha produtiva da panificação. Ele é o mais recomendado, por ter maior durabilidade, ocupar menos espaço de estoque, e poder ser adicionado com os ingredientes secos, sem interferir na proporção de água. 

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